Capitulo 1: Sonhos e promessas
(“Túlio
sempre foi tão forte e confiante, sempre pensei que ele iria viver para sempre,
acho que por isso não aproveitei tudo o que tinha para aproveitar ao lado
dele.”) — Dan
Mais um dia de aventura do trio três covardes. Dan, Jhin e Tulio eram
conhecidos por nunca saírem do segundo andar da masmorra infinita mesmo depois
de alcançarem o nível dois. Porém nunca ligaram para o que falavam deles.
— Dessa vez vou mostrar para vocês
minhas verdadeiras habilidades. Fufufufu!!!
Vocês ficarão muito impressionados.
— Certo Dan, tenho certeza que iremos
ficar boquiabertos. — Tulio responde com um sorriso.
— Hunh! Você não acredita em mim não?
Diz para ele Jhin, diz!
— Ah, claro. .
— Jhin... Você podia pelo menos fingir
uma reação de confiança. Vocês certamente gostam de me irritar.
— Não se preocupe Dan, você terá
bastante tempo para desenvolver e mostrar suas reais habilidades — Tulio falou com um tom bem alegre para animar
Dan.
O dia estava perfeito, estávamos quase
chegando a masmorra quando fomos interrompidos no caminho por um grupo de
aventureiros.
— Se não é o trio da vergonha ou melhor
trio dos covardes. Hahaha!!! Quando vão sair do segundo andar? O medo de vocês
é tão grande assim?
— Vamos Tulio, não liga para esses
caras.
— O Dan tem razão, não precisamos perder
nosso tempo.
— Não se preocupem meninos. Não vou
fazer nada.
— Na verdade eu entendo vocês, fracos
não podem avançar, caso contrário morrem.
(“Fracos
não podem avançar. FRACOS NÃO PODEM AVANÇAR?”)
Seguimos nosso caminho, mas ficou
visível que grupo conseguiu deixar um sentimento ruim dentro de cada um de nós.
Realmente não gostei do olhar daqueles
caras. Odeio pessoas que acham que são superiores e que podem fazer e falar o
que bem entendem. “Se eu pudesse eu...”
— Com certeza vocês devem ter se irritado.
Eu também fiquei.
Tulio ao falar isso, ficou olhando para
o nada. Ficamos em silêncio. Não queríamos piorar a situação e nem deixar ele
pior.
— Sou o irmão mais velho e líder de
vocês, acho que não estou fazendo um bom trabalho. — Tulio estava com a mão
fechada com muita força, como se fosse socar alguém, com um olhar de
arrependimento, talvez. — Só quero a segurança de vocês.
Eu não conseguia responder, não sabia o
que falar. E Jhin ficou em silêncio também. “Como o cara mais forte que
conhecíamos estava tão para baixo?”
Após alguns segundo Jhin tomou atitude e
disse:
— E o que você quer irmão? — Jhin estava
mais sério do que o normal, com um olhar fico para o Tulio — O que você quer
fazer?
Reparei que Tulio se surpreendeu com a
indagação de Jhin. Voltou a olhar para o nada por alguns segundos e em seguida
respondeu:
— Sempre tive o sonho de alcançar um
andar que ninguém alcançou, ser o mais forte entre os melhores. — Tulio mudou
sua feição ao falar isso, ele estava brilhando, com um olhar inabalável.
— O que falta para ir atrás do seu
sonho? — Apontando para a masmorra Jhin olhava confiante para Tulio.
Após isso Tulio foi mudando sua feição e
ficou meio que triste por assim dizer.
— Não quero nem pensar em arriscar
perder vocês.
Lógico que tinha lógica o que ele
falara, afinal todos os dias morrem aventureiros na masmorra, não era uma
profissão segura sabe? Porém a morte não era algo inevitável?
— Vocês sabem que a partir do terceiro
andar da masmorra a quantidade de monstros e suas habilidades são maiores. Não
é a mesma coisa do segundo andar que raramente passa de um oponente por luta.
— Por que somos aventureiros então? — Pela
primeira vez falei tão sério com Tulio, afinal nunca fui disso — Eu que sou seu
irmão caçula tenho a coragem e determinação para morrer se necessário pelo o
que eu amo fazer.
— Eu também Tulio, sempre quis ir mais
além.
— VOCÊS ESTÃO FALANDO ISSO POR QUE FORAM
CONFRONTADOS POR AQUELES CARAS!
— CLARO QUE NÃO! Acha mesmo isso? Será
que nunca percebeu que sempre buscamos nos tornar mais fortes para que você um
dia pudesse confiar em nós?
— E o que isso tem haver?
— Não é medo de nos perder. Você nos
acha fracos também! Tsc.
— Claro que não é isso. Eu só não quero
perd... — Tulio nem conseguiu continuar.
— Então você nos acha fracos demais
mesmo a ponto de achar que não conseguiríamos nos virar sem você?
Ficamos discutindo por alguns minutos
até que decidimos avançar os andares e ir no nosso ritmo. Sem se apressar,
porém sem ir devagar demais.
Naquele dia fomos fazendo o primeiro ao
final do terceiro andar sem nenhuma dificuldade. Estávamos muito felizes. Uma
sensação boa estava no ar.
— Uh cara! Falei que ia mostrar minhas
habilidades para vocês. Viram só como sou rápido com minha espada?
— <rindo> Verdade hein. Me
surpreendeu. Nem parecia você.
— Há há há ... Muito engraçado Tulio. Eu
só precisava de uma motivação a mais para mostrar meu potencial.
— Sei, sei.
— Amanhã nós vamos ainda mais longe eu
tenho certeza.
Tulio fez uma feição tipo de
insegurança, porem antes dele abrir a boca me levantei e fui para meu quarto
dormir. Eu não queria nem pensar em ficar na mesma de novo.
No dia seguinte, fizemos o mesmo
caminho, e incrivelmente com um pouco mais de facilidade. Tudo estava indo
muito bem. Tudo estava perfeitamente bem. Até que...
— Aaaaaahhh... Socooorrooo.. — Socooorrooo..
Vários gritos de socorro ecoando pelo
corredor da masmorra chegaram até nosso grupo. Antes mesmo de pensar eu já
estáva correndo na direção dos gritos para tentar ajudar. Quando cheguei no
local de onde viera os gritos vi um grupo de seis pessoas cercada por lobos
gigantes. Três já estavam no chão numa poça de sangue, provavelmente mortas, um
estava de pé segurando os ataques de todos os lobos, protegendo duas garotas
que estavam de joelho, como se já estivessem rendidas ao que estava
acontecendo. Quando eu ia correr para ajudar, Jhin me segurou enquanto Tulio
correu na direção dos lobos. Íamos nos dirigir a ajudar o Tulio e o cara que
estava de pé protegendo as garotas, quando esse mesmo cara gritou:
— SALVEM ELAS! SALVEM ELAS! SALVEM...
POR FAVOR!
Vimos em seu olhar amor e desespero ao
mesmo tempo. Em meio a todo aquele sangue em suas feridas e a dor, ele só
pensava em salvar elas.
— Jhin, você e o Dan, ajudem as garotas.
Túlio nunca tinha falado naquele tom de
voz, por sempre estarmos juntos sabíamos que ele ia fazer algo que não íamos
gostar. Ele saiu correndo na direção do lobo que estava a atacar o aventureiro
que estava em pé e segurou o ataque com o seu escudo e ao mesmo tempo gritou
bem forte:
— PEGUEM ELAS DUAS E SAIAM DAQUI, AGORA!
Não tínhamos muito tempo para pensar, no
mesmo instante eu corri na direção delas, evitei olhar para o Tulio. Eu confio
nele. Só pensei nisso. E obedeci cegamente a ordem que foi dada pelo meu líder
e irmão, não pensei...
— aah — RÁAPIDOO
Um dos lobos tinha cortado profundamente
o peito do Tulio. Nesse momento Jhin que estava parado ainda, correu na direção
dele para ajudar.
— Nos encontramos depois Dan!
Quando eu estava próximo a saída e Jhin
indo na direção oposta, percebi o momento que Tulio olhou para a expressão de
Jhin e sem falar nenhuma palavra, com um olhar de tristeza deu um sorriso.
Quando percebi já estávamos fora da
masmorra. Quando me dei conta do que tinha acontecido, tentei correr para a
masmorra novamente.
Uma das garotas chorando, segurou o meu
braço.
— Por favor... ajude eles.
Em seguida quando voltei a seguir na
direção da masmorra, vi alguns veteranos trazendo em seus ombros o Jhin. Ele
estava inconsciente e muito ferido.
— Onde estão os outros dois que estavam
com ele? — Perguntei em choque.
Após minha pergunta os veteranos ficaram
em silêncio por alguns segundos. E com um olhar sério um deles disse:
— Quando chegamos já era tarde demais.
Quase que no mesmo instante corri na
direção da masmorra. Antes de chegar na entrada o mesmo veterano gritou:
— NÃO SOBROU NADA LÁ PARA VOCÊ RESGATAR.
Ao ouvir o que ele disse parei aonde
estava. Não sabia o que fazer.
(“Como?
Como isso pode acontecer?”)
— Cof! Cof! Dan...
Por um instante tinha esquecido de Jhin,
estava perdido naquela situação, mas ao ouvi-lo voltando a consciência,
volte-me para ele.
— Estou aqui irmão. Estou aqui!
Os olhares daqueles que estavam próximos
a Jhin eram óbvios, todos tinham a plena certeza que já era tarde demais para
Jhin também.
— N.. Não... desist... — Ele não
conseguiu terminar a frase.
Um vento forte, folhas caindo e sendo
levadas. O dia estava lindo, céu azul e um sol forte. O caminho até a entrada
da masmorra era cheio de arvores, com uma estrada de terra, em frente a entrada
tinham espaços com campos abertos com gramas perfeitas como se alguém cuidasse
dali, perto de onde estávamos tinha uma grande pedra aonde costumávamos
descansar antes de seguir para nossa casa. Onde jogávamos um bom tempo de
conversa fora. Em meio a toda essa beleza... Jhin me deixou também.
“Se eu tivesse ajudado... Se eu tivesse
ficado com eles, talvez... SE EU NÃO FOSSE TÃO...”
Fiquei paralisado, não consegui chorar, desliguei
tudo que estava em mim, evitei até pensar, continuei de joelhos segurando a mão
de meu irmão, olhando para o local aonde ficávamos sempre antes de seguir nosso
caminho para casa. Eu tinha uma certeza, minha vida acabou.
Uma garota se aproximou de mim, ela
estava com vários ferimentos e com sua vestimenta em parte rasgada, gentilmente
ergueu suas mãos sobre mim, senti seu toque suave e com todo cuidado segurou
meu rosto, com suas mãos move-o e me fez olhar para ela. Como é linda. Ela estava chorando também. Nos olhamos fixamente nos
olhos. Compartilhamos nossa dor nesse olhar. Não consegui segurar a minha frustação
e sofrimento e pensamentos. Desabei. Chorei como uma criança.
Ela me abraçou e chorou comigo.
Ficamos daquele jeito por muito tempo, tanto
que, as pessoas que ali estavam foram de dispersando de pouco em pouco até
sobrar somente nós três. Os três que sobreviveram.
Em seguida levamos Jhin para ser
enterrado, e mesmo sem o corpo de Tulio, gastei tudo o que tinha para fazer a
lapide dele. Lucy e Juno também tiveram que gastar quase tudo para fazer o
mesmo pelos seus quatro amigos. Ficamos lá nos despedindo deles, conversando e
até tendo uma ultima briga com eles.
— Lucy... — A outra menina tocou em seus
ombros a chamando. Porém ela não se moveu, e com um gesto pediu para ela
esperar mais um pouco.
Não é que a dor tinha acabado, mas, tudo
o que estava preso dentro de mim, tudo que estava acumulado tinha sido deixado
nas lagrimas e gritos. Eu estava mais calmo. Consciente por assim dizer.
— Obrigado... — Eu disse olhando para o
chão.
— Eu também agradeço — Ela me responde com
um leve sorriso.
— Eu me chamo Lucy.
— Eu me chamo Dan.
Não quis dizer “prazer em conhece-la”,
acho que ela entendeu também. Não tem como ter prazer em conhecer alguém nesse
dia.
— Ela se chama Juno. Ela não é muito de
falar, especialmente hoje.
— Eu entendo.
Duas garotas que perderam diversas
pessoas, não deve ser fácil eu pensei. E por alguma razão queria uma “luz” para
saber o que eu iria fazer também.
— O que vocês vão fazer agora?
— Nosso grupo tinha um sonho. Eu quero realizar
esse sonho por eles.
— Eu e meus irmãos tínhamos um também.
— Alcançar o andar que nunca antes foi
alcançado. — Falamos ao mesmo tempo.
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